Semana 11 - Modelo vivo


4 de dezembro de 2019
Lua crescente

Depois de uma semana bastante turbulenta e com muitos pensamentos no ar, esta semana no geral tenho sentido que está tudo fluindo novamente. Voltei ao centro, mas sem deixar de ter a percepção do que está acontecendo ao redor, mas me sinto mais aberta ao que vejo e recebo, sem cobrança que nem semana passada. Parece que o que leio está sintonizado ao que escuto nas aulas, vejo na rua, escuto no ônibus etc. Voltei às aulas de yoga e percebo quanto faz bem quando faço exercício, mas ainda sinto a tal da dor no cotovelo. E pensei muito no vô.

E falando em sintonia, a principal foi neste desenho na Belas Artes de ontem. Nele, pela primeira vez, senti que consegui realmente integrar o que tenho aprendido na Ar.Co e o resultado foi muito mais característico do que tenho feito ultimamente. Por mais que o desenho ainda tenha um ar clássico e sereno, sinto que me arrisquei mais nele. Ao mesmo tempo que escutei meu instinto ao fazê-lo e com muita calma, inseri novos aprendizados que o Artur tem me passado (proporções, usar todo o papel, sombras com pastel...). Me senti muito grata :)




Esta semana vi alguns colegas da Belas Artes usando pastel seco esfumaçado e fiquei bastante curiosa em aprender a usar, então perguntei ao Artur e ele me deu algumas dicas de materiais para comprar.

Comprei o tal do pastel e ontem testei na aula com o Ciro como modelo.

Primeiro fiz só os contornos gerais do corpo de maneira bastante geometrizada (tentando ver o corpo com a ideia das relações que testei no último desenho) de maneira muito concentrada. O Artur quando viu falou que lembravam os sketches do Toulouse-Lautrec (me achei "a" artista hahah), pelo traço geometrizado. Essa maneira de desenhar com as relações tem me deixado muito mais confortável e tenho conseguido "decifrar" o corpo a partir dessa relação que vai sendo construida com a atenção às formas.

Depois de ter feito a estrutura geral, testei o tal do pastel seco, que solta muita cor se não tirar primeiro o excesso (que fiz no canto esquerdo da folha, depois apaguei) e assim fui adicionando as sombras principais do Ciro, com muita atenção e pouco a pouco para não "exagerar". Já percebi que se eu me empolgo muito com o material, de repente começo a adicionar muita cor e muita sombra, e depois não resta lugar para a luz. Então pensei "se faltar, depois eu adiciono...". Realmente, tentei seguir o tempo longo que tínhamos e só fazer esse desenho.

Quando achei que já tinha adicionado sombra suficiente, o desenho já estava com as formas principais prontas daí veio o grande momento de "como delimitar as formas". É nessa hora que muitas vezes eu perco a conexão corpo-modelo e de repente me vejo fazendo detalhes que não correspondem ao que vejo. E algo que eu venho me questionando é como começar a integrar coisas que tenho praticado na Ar.Co, como os contornos interiores e exteriores (que já são algo que estou bastante habituada de fazer e me sinto confortável ) aos desenhos na Belas Artes, onde as pessoas tem muito mais experiência com desenhos clássicos e ao mesmo tempo já construiram uma identidade própria ao desenhar, e inevitavelmente eu me comparo a elas. Já tinha desenhado o Ciro na Ar.Co usando a técnica de contornos, e daquela vez funcionou bem, então decidi testar novamente. Essa técnica não é tão "clássica", mas como me sinto confortável com ela, decidi replicar. 

Finalmente, as 2h30 da aula terminaram e senti que o desenho ficou ótimo. Poderia adicionar mais detalhes ainda ao Ciro e complementar com mais sombras, mas quando o Artur viu ele também gostou muito e disse que lembravam um pouco a maneira de desenhar da Aline, a outra aluna de Doutoramento que conversei há uns dias.

Engraçado pois também percebi que ela tem esse traço coincidentemente, mas depois lembrei que a técnica que a Susana Chasse ensina a ela tem muito de traços e contornos interiores e exteriores... deve ter algum sentido por isso.

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