Semana 11 - Catedral de Lincoln (e sobre disciplina)

Este foi o primeiro desenho encomendado. Uma amiga tem acompanhado os meus desenhos e pediu para eu desenhar a catedral da cidade onde ela mora. Um presente para uma pessoa especial para ela, que queria comprar uma foto da catedral, então ela achou mais único um desenho.

O desenho está baseado na foto do Wikipedia, e passei a semana toda pensando como faria o desenho, com que técnica, material, papel, ângulo... são muitas opções. No fim decidi pelo básico: contornos internos e externos com lápis. Para dar mais contraste à catedral e não deixá-la branca, no final passei um pouco de tinta da china diluida no fundo. Sábado é um dia normalmente tranquilo, então fiz tudo muito lentamente, escutando um podcast sobre a Hannah Arendt, falando da vida ativa e vida contemplativa e depois outro sobre a sociedade de Foucault. Sobre as pessoas que só seguem ordens de maneira disciplinar e sem questionar.

Fiquei 3 horas sentada fazendo esse desenho com muita disciplina e atenção ao que estava fazendo. Como poderiam estas 3 horas de disciplina serem uma maneira de criar algo novo sem seguir ordens? Como poderia o desenho ser uma maneira de ser ativa aqui nessa sociedade? Como questionar o status quo através do desenho?

Como diz Foucault, se a disciplina não é negação, é produção, há de se fazer um bom uso da disciplina. Como a disciplina que eu tenho pode fazer uma ação questionadora na sociedade?

Documentei o processo pois estava gostando muito de apenas os contornos mais abstratos. Gosto de registrar esses desenhos para mim, mas ainda tenho dificuldade em, quando vou dar de presente, até quanto eu desenho, quando está terminado. Poderia ter deixado "quase terminado" para o presente. Um dia ainda vou desenhar para presente desenhos mais abstratos como esses esboços. Acho que esse tipo de desenho seria mais questionador e especulativo para dar de presente, mas fica para um próximo...