Semana 29 (desenho 178) - Da janela
Um desenho em carvão baseado na série das janelas do fotógrafo John Schabel (foto 2), feito frente à janela pela qual tem sido a rotina contemplar a história lá fora tal como a vizinha da frente.
Texto de Berta Elhrich:
----É significativo que a janela, considerada como símbolo, acompanhe a irrupção do quadro na história de arte.
Nas suas obras “De pictura” e “De re aedificatoria” (1452), Leon Alberti não descreve apenas a revolução gerada pela invenção da perspectiva por Filippo Brunelleschi, ele desvenda ao mundo a metáfora da arte enquanto janela sobre o mundo, que marcará duravelmente a apreensão que temos da criação artística em geral. “Uma janela aberta através da qual podemos contemplar a história”.
Contrariamente ao fresco, que lhe é anterior, o quadro emancipa-se do seu meio ambiente de origem para circular, nómada, móbil, o quadro escapa do muro da igreja, da abadia, do palácio para viajar (um quadro circula).
Esta mudança de configuração vai permitir uma mudança de perspectiva. A arte não será mais exclusivamente religiosa, mas será como uma janela aberta sobre o mundo, uma janela através da qual podemos contemplar a história.
Neste ponto, a genealogia funcional do quadro liga-se ao trabalho do fotógrafo John Schabel (cujas fotografias serão o nosso material gráfico de hoje) sobre as suas janelas de avião e de comboio através das quais entrevemos passageiros confrontados com as paisagens que desfilam e que ao desfilar, contam histórias. Histórias que envolvem tanto a paisagem como os passageiros, as paisagens singulares reveladas pela aparição dos seus tão pessoais rostos.---
desenho por mim em carvão
foto original de John Schabel
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